- POR QUE AS OPORTUNIDADES PASSAM?
Gosto de pensar sobre fatos
analisando os seus valores e isto faz com que eu crie algumas “teses” sobre
este universo em que estamos inseridos. Por exemplo, uma das minhas teses
favoritas e mais comprovada, é a de que todos os dias devemos considerar sobre o
que o mundo lá fora fará hoje para me prejudicar. Isso mesmo. Todos os dias,
quando acordo pela manhã sempre me intrigo com este pensamento. Mas sigo
pensando: “o que o mundo fará hoje para me ferrar”. Pode parecer um tanto
paranoico, mas na medida que o dia vai passando consigo identificar mais
consequências do que oportunidades. Tudo bem que alguém já disse que “no mundo
não existem prêmios nem castigos, apenas consequências”. Mas também é fato que
estas consequências são resultado mais das nossas defesas do que das possíveis iniciativas.
Ouvimos muitas opiniões e enxergamos algumas perspectivas. Mas as oportunidades
são raras. Isto talvez seja o maior estímulo a permanecermos na chamada “zona
de conforto”. O interessante é observar que estas oportunidades não vêm do
acaso, mas são patrocinadas por alguém. Em algum momento, em algum lugar alguém
nos dará uma oportunidade. Claro que nesta oferta está implícita uma cobrança,
afinal nada é de graça. Portanto, o aproveitamento de uma oportunidade passa
por três obstáculos. O primeiro é identificá-la (não estamos acostumados com
pessoas nos oferecendo oportunidades); o segundo é vencer a desconfiança sobre
qual o real interesse de quem a oferece (nos preocupamos muito com o ganho dos
outros); e o terceiro é a capacidade de interpretação desta oportunidade como
um desafio e não como um problema. E o pior, quando surge alguém com uma
oferta, assumimos o risco de vitimá-la pelo nosso medo de frustrações e pela
nossa nefasta tendência a acomodação. Todo este discurso na realidade é para
manifestar a satisfação que sinto quando visualizo uma “tese” sendo transformada
em um roteiro, simples e de fácil entendimento. Admiro quem consegue tornar
algo que pensamos em uma narrativa que nos emociona. Afinal, tornar o óbvio
algo interessante é uma prova de genialidade. E isto ocorre em um filme: “A
Vida Secreta de Walter Mitty”. Sabe aquele filme despretensioso, que você pega
para assistir apenas para passar o tempo e de repente ele te dá um soco no
estômago? Pois este é um exemplo. Trata-se de um filme sobre uma pessoa
mediana, numa vida medíocre e inserida num mundo cruel, que subitamente se
depara com uma oportunidade. Aquela muito rara, que nós ficaríamos com uma
certa tendência a negá-la e que provavelmente, se pensarmos um pouco, já deve
ter passado pelo menos uma na nossa frente. Neste caso, ao contrário da
maioria, a opção da personagem é pelo mais difícil. E vale o resultado, pelo
menos no filme. Uma história que nada mais é do que uma metáfora sobre a vida
de cada um de nós, com uma trilha sonora sensacional (o melhor do filme) e uma
fotografia deslumbrante. Fica a dica. O mundo quer nos ferrar diariamente. Mas
em algum momento, alguém vai nos oferecer a oportunidade de fazer o diferente.
Observe mais os valores do que os fatos. E tome a decisão correta. Para viver
uma vida criativa devemos perder o medo de estarmos errados. Não espere pela
certeza para tomar uma decisão. Ela não virá, assim como provavelmente uma nova
chance também não.