quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

- VIAGEM



- UM RITUAL BIZARRO E DE MUITA FÉ - NEPAL





Viagens a países exóticos proporcionam sempre experiências também exóticas ou bizarras, mas que nos permitem entender a cultura e a história dos povos. Uma experiência que pode ser classificada como impressionante é a visita ao Templo Hindu de Pashupatinath, em Kathmandu, no Nepal. Este templo, um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, permite uma visão privilegiada dos rituais de cremação, uma cerimônia muito importante dentro da religião hindu. De acordo com a tradição do hinduismo, no Nepal, o cadáver é levado em uma padiola improvisada, normalmente pelos familiares, enrolado em um pano branco ou alaranjado, enquanto estes recitam orações. Ao chegar ao local da cremação junto ao Rio Bagmati, um afluente sagrado do Rio Ganges, o corpo é mergulhado em suas águas, num ritual de purificação. Na seqüência é colocado sobre uma pilha de troncos de madeira, que estão em plataformas junto ao rio. A pira é acesa normalmente pelo filho mais velho, no caso dos homens, ou pelo filho mais novo, no caso de mulheres. O fogo queima durante aproximadamente três horas, supervisionado por um responsável pelas cremações, e acompanhado pelos familiares, normalmente homens. As mulheres só comparecem se não chorarem ou gritarem, pois isto não é considerado adequado para o momento. Neste período o filho mais velho tem seu cabelo raspado, num dos inúmeros rituais que acompanham esta cerimônia. Ao final, as cinzas, pertences e restos de madeira são jogados no rio e a plataforma é lavada, com água do próprio rio, normalmente pelos filhos. Este ritual é extremamente importante para os hindus. As cinzas jogadas nas águas do rio sagrado libertam a alma da matéria, permitindo que a fumaça que sobe, estabeleça uma comunicação com os Deuses. A cremação é o caminho para a libertação espiritual, liberando o homem do Samsara, um ciclo vicioso de milhares de renascimentos e reencarnações, e permitindo alcançar o Moksha, um estado de perfeição, uma analogia ao Nirvana. Para nós que não participamos dessa cultura, o ritual pode parecer algo entre o macabro e o bizarro. Mas diante dele é possível sentir o peso da religiosidade e a fé que reveste cada gesto desta diversidade. Você fica tempo observando o cenário e questionando a espiritualidade e o valor do corpo e da matéria. Pashupatinath corresponde, no Nepal, ao que ocorre em Varanasi, a cidade sagrada dos seguidores do hinduismo. Mas isso já é outra história... 






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