quinta-feira, 8 de março de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



ESTIMULANDO PERCEPÇÕES



                                                     templo de Tah Prohm - Camboja


No meu tempo livre, gosto de analisar fotografias, buscando identificar novas percepções e construir pensamentos abstratos em cima de imagens, cujos significados podem nos permitir descobrir novas chaves para outras representações.  Para registrar este ensaio editei, no facebook, um álbum – “Para pensar...” – em que publico algumas fotografias tiradas em diferentes ambientes. Estas fotos buscam estimular formas de interpretação que vão além daquilo que está sendo retratado. O objetivo é conduzir o expectador, diante da foto, a construir uma narrativa de significados sobre o que aquela imagem poderia representar. Claro que esta construção originalmente foi feita pelo imaginário do autor, mas é permitido também que cada um construa o seu processo interpretativo, dentro da sua visão subjetiva do modelo retratado. Um exemplo é a foto “Raízes”, que retrata a retomada de um espaço pela natureza, em uma construção, um Templo Khmer, construído e abandonado pelo homem no século XIV. No meu imaginário a foto representa uma metáfora sobre o difícil equilíbrio nas relações, considerando os conceitos de dominação e respeito pelos limites. Em Tah Prohn  a natureza retomou seu espaço e invadiu as construções do templo, de onde fora expulsa pelo homem. Mas estranhamente o crescimento das árvores e suas raízes respeitou as construções e passou a envolve-las, cobri-las, sem no entanto destruí-las, como seria de se esperar.  Mesmo na sua “vingança” pelo resgate do que lhe foi subtraído, a natureza conseguiu criar uma forma de equilíbrio em que a “posse” não foi obtida à custa da “destruição”. Outro ponto interessante nesta narrativa é que a “redescoberta” desse templo, no século XX, determinou um processo de restauração das suas ruinas. Mas neste processo de restauração o homem optou por preservar a natureza, mantendo as arvores e as raízes nos sítios que elas haviam ocupado dentro do espaço do templo. Temos aqui simbolicamente um exemplo de equilíbrio entre dois agentes hegemônicos, em que, ao invés de um dominar ou destruir o outro, cria-se um ambiente de compartilhamento de espaço e respeito de limites. Aquela porta escura da foto nos estimula a por ela entrar e pensar se é possível praticar este modelo em outras áreas, inclusive nas relações interpessoais. Todos sabemos que é muito difícil a convivência, a divisão de espaços, o respeito aos limites do outro, o exercício de poder sem que um agente tente dominar o outro ou destruir a sua individualidade. Mas isso é possível. Tah Prohn nos mostra isso. E a foto, espero, o leve a também pensar sobre isso.
Abaixo mais duas imagens desta impressionante convivência.








3 comentários:

  1. ai ai ai... vou ter que voltar ao face só por tua causa! mas vale!
    beijão!

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  2. É Benfica, pensar faz tão bem. E vendo situações retratadas nas tuas fotografias fica mais fácil, pois a imaginação pode voar sobre as linhas da fotografia. O pensar, tão simples e tão compelxo, não consegue ser atingido por muitos. Seja por preguiça, seja por ignorância em como fazê-lo. As tuas lições sempre me fizeram pensar. Que bom que hoje, com a tecnologia, ainda posso desfrutar desse teu conhecimento e, assim, desenvolver cada vez mais o meu. Grande abraço, Luciana.

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  3. Concordo com a Luciana Mar, as tuas fotos têm esse poder, elas "abrem as asas da imaginação" sem qualquer esforço. Confesso que muitas vezes me pego olhando as tuas fotos disposta a deixar algum comentário e quando vejo já se passaram muitos minutos e eu sem escrever nada, só pensando.

    Kátia Goretti

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