sábado, 8 de março de 2014

- VIAGEM



- UMA CRÔNICA SOBRE AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO MODERNO
PARTE II - MACHU PICCHU


Da série “As Sete Maravilhas do Mundo”, algumas delas conseguem associar os trabalhos do homem e da natureza em um mesmo cenário. Isso logicamente as torna “diferentes” na forma de serem analisadas. Nesta categoria estão Petra, Machu Picchu e o Corcovado, associações perfeitas entre a construção do homem e a obra da natureza. Mas uma delas consegue associar ainda uma terceira variável, que a torna mais espetacular: o “clima espiritual”. Esse lugar é Machu Picchu. A cidade perdida dos Incas vale pelo lugar, pela paisagem, pela história, pelos mistérios, pelas lendas, mas acima de tudo pelo “estar lá”. É uma cidadela de rochas, construída em um platô à 2.400 metros de altura, ladeada por montanhas e florestas. Podemos especular se estamos em um local religioso, um centro astronômico ou simplesmente na morada do nono imperador inca, Pachacútec. O que importa, no entanto, é que a paisagem é deslumbrante e o clima um espetáculo à parte. Num mesmo dia você pode passar por sol, chuva, névoa, calor e frio. Cada monumento reserva uma história e manifesta um significado arqueológico, cultural, místico e religioso. Aliás, transitar por Machu Picchu exige num primeiro momento a figura de um guia, pois neste lugar uma pedra nunca é somente uma “pedra”. Esta cidade inca, com uma parte agrícola e outra urbana, é dotada de casas, templos, praças, terraços, tudo interligado por caminhos e escadas. Intihuatana, Templo do Sol, Templo do Condor, Templo das Três Janelas são lugares que carregam narrativas que transcendem aquilo que estamos vendo. Andar pelos terraços, observar as estruturas e seus blocos de pedra encaixados com precisão, tirar dezenas de fotos fazem parte do programa. E depois de visitar a cidadela é obrigatório reservar um tempo para fazer o que de melhor se pode fazer neste lugar: NADA.. Vale subir até a Cabana do Guardião e ficar observando, lá do alto, a cidade, a floresta, o Huayna Picchu ao fundo (foto clássica) e sentir a magia do lugar. Os que me conhecem sabem que sou quase um estruturalista, com alguns poucos momentos de “fraqueza” espiritual, mas lhes digo uma coisa: “este lugar é diferente”. Não me perguntem o que tem lá.. Mas recomendo a todos que não percam a oportunidade de estar lá.. Duas dicas: não façam o passeio rápido, que chega no trem às 10 da manhã e volta às 3 da tarde. Em Machu Picchu vale chegar cedo pela manhã para ver o dia nascendo e se possível ficar até a tarde para ver o sol se pondo. Para isso recomendo ficar uma noite em Águas Calientes, a cidade que fica junto ao Rio Urubamba. Assim, na primeira visita você pode ficar até o final da tarde, observando o sol baixando, e no dia seguinte voltar novamente para curtir o amanhecer, antes que a horda de turistas bárbaros invada a cidade. Nesta segunda subida (todas são feitas de ônibus), vai a segunda dica. Você pode associar um passeio sensacional que é a subida ao Huayna Picchu ou uma trilha mais leve até a ponte inca. Atenção que a subida ao Huayna Picchu exige reserva prévia e bastante coragem. Mas a vista é extasiante. Outras cidades misteriosas rivalizam com Machu Picchu em termos de valor histórico, mas creio ser difícil alguma delas apresentar o “clima” que esta cidadela inca absorve. No México, por exemplo, Monte Albán apresenta características muito semelhantes a Machu Picchu. Trata-se de uma cidadela, construída pelos zapotecas, em um platô, no alto de uma montanha, com ruínas muito bem conservadas. Você cruza pela cidadela e tem uma aula de história. Mas a memória que fica deste lugar é apenas visual. Trata-se de uma obra magnífica, mas destituída de emoção. Ou seja, os Incas assinaram com louvor uma das sete maravilhas do mundo moderno.. Se “místico” é aquilo que a inteligência humana tem dificuldade em explicar, então Machu Picchu é um lugar místico.. 






         

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