sábado, 20 de julho de 2013

- VICISSITUDES PESSOAIS



- PEDINDO DESCULPAS




Hoje, após 24 horas de plantão numa emergência em que havia 159 pacientes literalmente empilhados, num espaço projetado para atender 45, resolvi parar um pouco e pedir desculpas... primeiro aos pacientes que estavam lá sentados ou deitados, alguns há vários dias, esperando um leito, uma cirurgia... desculpe por não ter uma sala no bloco para operá-los, desculpa por não ter um leito para interná-los.. pelo menos se vocês conseguirem se recuperar terão bons estádios de futebol para visitarem..  desculpem-me os motoristas das dezenas de ambulâncias que vieram do interior do Estado e despejaram seus pacientes na nossa porta.. desculpe por faze-los esperar, mas em respeito aos colegas do interior, que encaminharam estes pacientes por total falta de condições de atendimento nas suas cidades de origem, eu preciso tratá-los adequadamente antes de libera-los para viagem de volta.. talvez colocando mais um médico nestas cidades as ambulâncias diminuam suas viagens.. desculpe a  todos por ter feito o vestibular mais concorrido, cursado a faculdade mais longa e mais difícil, ter feito uma residência durante três anos em que trabalhei mais de 18 horas por dia, TODOS os dias neste período.. talvez aumentando mais dois anos de faculdade a saúde do país venha a melhorar.. peço desculpas a todos que não sabem o que é ser médico, pois eu não consigo explicar algo tão grande e tão especial.. peço desculpas se eu não reajo diante do preconceito, da inveja e do casuísmo, mas estou muito ocupado fazendo o meu trabalho.. desculpe dilma, padilha, mercadante e todos os prefeitos safados que tentam salvar seus cargos políticos mentindo e enganando a população.. vocês vão passar.. e nós continuaremos.. e espero sinceramente que aqueles que forem substituí-los façam algo melhor.. ou pelo menos sejam mais honestos com a população.. até lá galera da medicina, não se assustem.. liga o som, aumenta o volume e vamos para linha de frente.. é lá que estão as pessoas que reconhecem o trabalho médico..    


segunda-feira, 20 de maio de 2013

- VICISSITUDES PESSOAIS



- VALORES UNIVERSAIS





Confesso que admiro muito a criatividade dos publicitários, principalmente quando eles conseguem carregar de emoção cenários que nos são conhecidos. Nesta campanha uma empresa de telefonia móvel inglesa conseguiu unir dois eventos que são absolutamente universais: a Trafalgar Square e os Beatles. A Trafalgar Square, em Londres, é um daqueles lugares que podemos dizer ser um dos "pontos de encontro dos povos". Neste local mágico, em frente a National Gallery, um dos mais belos museus do mundo, transitam pessoas de todas as nacionalidades, num ambiente absolutamente democrático, onde artistas, turistas, trabalhadores, adultos e crianças convivem em harmonia. Se você estiver em Londres e sem programa definido (o que é difícil), vá para esta praça e fique olhando o mundo passar na sua frente. Pois neste local foram reunidas mais de 13 mil pessoas, chamadas por uma simples mensagem em seu celular: "Esteja na Trafalgar Square tal dia, tal horário". E nada mais foi dito. E na hora marcada foram distribuídos dezenas de microfones, para que fosse feito um karaokê gigante, de surpresa, onde todos cantaram algo que é tão universal e inglês como a própria praça: a música Hey Jude, dos Beatles. Aliás, em termos de música, nada pode ser mais universal que os Beatles. É emocionante ver pessoas tão diferentes unidas num local mágico, cantando uma única música, numa confraternização que nos faz pensar como o mundo poderia ser um lugar muito melhor de se viver.. É impossível ver este vídeo e não sentir uma vontade de ter participado desta história, de ter estado lá naquele momento..   




quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

- VIAGEM



- UM RITUAL BIZARRO E DE MUITA FÉ - NEPAL





Viagens a países exóticos proporcionam sempre experiências também exóticas ou bizarras, mas que nos permitem entender a cultura e a história dos povos. Uma experiência que pode ser classificada como impressionante é a visita ao Templo Hindu de Pashupatinath, em Kathmandu, no Nepal. Este templo, um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, permite uma visão privilegiada dos rituais de cremação, uma cerimônia muito importante dentro da religião hindu. De acordo com a tradição do hinduismo, no Nepal, o cadáver é levado em uma padiola improvisada, normalmente pelos familiares, enrolado em um pano branco ou alaranjado, enquanto estes recitam orações. Ao chegar ao local da cremação junto ao Rio Bagmati, um afluente sagrado do Rio Ganges, o corpo é mergulhado em suas águas, num ritual de purificação. Na seqüência é colocado sobre uma pilha de troncos de madeira, que estão em plataformas junto ao rio. A pira é acesa normalmente pelo filho mais velho, no caso dos homens, ou pelo filho mais novo, no caso de mulheres. O fogo queima durante aproximadamente três horas, supervisionado por um responsável pelas cremações, e acompanhado pelos familiares, normalmente homens. As mulheres só comparecem se não chorarem ou gritarem, pois isto não é considerado adequado para o momento. Neste período o filho mais velho tem seu cabelo raspado, num dos inúmeros rituais que acompanham esta cerimônia. Ao final, as cinzas, pertences e restos de madeira são jogados no rio e a plataforma é lavada, com água do próprio rio, normalmente pelos filhos. Este ritual é extremamente importante para os hindus. As cinzas jogadas nas águas do rio sagrado libertam a alma da matéria, permitindo que a fumaça que sobe, estabeleça uma comunicação com os Deuses. A cremação é o caminho para a libertação espiritual, liberando o homem do Samsara, um ciclo vicioso de milhares de renascimentos e reencarnações, e permitindo alcançar o Moksha, um estado de perfeição, uma analogia ao Nirvana. Para nós que não participamos dessa cultura, o ritual pode parecer algo entre o macabro e o bizarro. Mas diante dele é possível sentir o peso da religiosidade e a fé que reveste cada gesto desta diversidade. Você fica tempo observando o cenário e questionando a espiritualidade e o valor do corpo e da matéria. Pashupatinath corresponde, no Nepal, ao que ocorre em Varanasi, a cidade sagrada dos seguidores do hinduismo. Mas isso já é outra história... 






sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

- VIAGEM



-  VALORIZANDO MOMENTOS





Uma análise interessante quando se viaja com certa regularidade é comparar a perspectiva de interesses no planejamento da ida com a quantidade de lembranças da volta. Normalmente planejamos uma viagem baseado no que pretendemos ver e conhecer, incluindo paisagens, monumentos, museus. Mas quando retornamos, nossas melhores histórias não envolvem lugares.. Envolvem pessoas. Basta prestar atenção naquele papo de bar, junto com a família ou com a turma. Quando vamos contar algo interessante de uma viagem, normalmente o núcleo da narrativa está numa situação que envolve as pessoas do lugar visitado. Esta é uma dica para quando planejar uma viagem. Considere não apenas os lugares bonitos que irá conhecer, mas as características e a cultura do povo com quem irás conviver. Neste núcleo estarão nossas melhores histórias. Neste sentido, um dos lugares mais impressionantes que conheci foram os Templos da Civilização Kmer, no Camboja, incluindo o Templo de Angkor Vat. Estes monumentos religiosos impressionam pelo seu tamanho e estilo arquitetônico. Mesmo diante disso, sempre que me perguntam sobre o Camboja, a história que conto não envolve os templos, mas a figura isolada de uma velha senhora. Quando chegava ao Templo de Angkor Tom, após uma caminhada na floresta, percebi uma senhora idosa, sentada no chão, na entrada do templo, vendendo aquelas famosas “lembrançinhas made in China” que proliferam em todo lugar. Após uma hora de passeio, na saída, percebi que a senhora estava no mesmo lugar, na mesma posição e aparentemente com os mesmos objetos expostos, resultado de um programa de vendas não bem sucedido. Aproximei-me e percebi que ela vendia aquela inutilidade que são os ímãs de geladeira. Após uma certa dificuldade de comunicação, mesmo sem saber direito quanto iria pagar, peguei dois exemplares e dei-lhe uma nota de cinco dólares. Neste momento ela afastou uma espécie manto que a cobria e tentou pegar uma pequena bolsa para me dar o troco. Só então percebi que ela não tinha nem as mãos e nem os pés, que foram amputados. Descobri mais tarde que se tratava de uma das centenas de vítimas de minas terrestres que existem no Camboja, que literalmente tem seus membros explodidos, de forma cruel e aleatória. Isto ocorre principalmente com simples agricultores, quando estes estão trabalhando no campo. Voltando a cena, acho que fiquei alguns minutos olhando para ela, com os dois cotos de antebraço, segurando meu troco. E neste curto espaço de tempo pude perceber aquele rosto envelhecido, não só pelo tempo, mas também pela dor.. e sentir aquele olhar perdido que fulmina nosso coletivo de queixas simplórias e vaidades diárias inúteis. Não sei quanto dinheiro tinha na carteira. Certo que não era muito, mas rapidamente lhe dei todo o que tinha e peguei o saco de ímãs de geladeira. Conversando depois com o guia local, ele narrou que esta é a vida de muitos mutilados de minas. Sem previdência social ou ajuda governamental, a rotina da sobrevivência é passar o dia todo sentado, diante de um templo fantástico, vendendo quinquilharias chinesas para turistas desatentos. Incrível como a imagem daquela mulher está presente nas lembranças daquela viagem, e como ela participa de todas as conversas sobre o Camboja. Lembro que o templo Kmer era magnífico, mas lembro mais dos detalhes das mãos e pés ausentes do que da decoração de suas paredes. Ainda tenho vários ímãs de geladeira chinês, comprados no Camboja, que costumo presentear aos amigos, em situações especiais. Infelizmente os que ganham este presente não entendem o seu significado.. E a sua representação.. E isto também não é justo com aquela senhora.. Aliás, nada na vida parece ter sido justo com ela.. E como em quase todas as viagens, mais uma vez são as “pessoas” que dão significado aos lugares.



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



- UMA DICA GASTRONÔMICA




Certamente comer bem é uma das nossas experiências mais prazerosas. E quando podemos exercitá-la na sua plenitude, satisfazendo não só o sentido do paladar, ela se torna melhor ainda. E um lugar para se conviver bem com esta experiência é o restaurante Pasta Nostra, na cidade de São Francisco de Paula. É um restaurante simples, com uma decoração esquizofrênica e um atendimento lento e simpático. Como tudo em São Chico, "lento e simpático". Mas a comida é absurdamente saborosa. Pra não errar no pedido indico uma entrada com pasteizinhos de queijo, seguido de um fettuccine "à pasta nostra" e uma jarra de suco de uva. Este pedido satisfaz bem duas pessoas que não estejam famintas. Na finaleira indico pedir um café preparado pela própria dona do restaurante, que também é a responsável pelo cardápio, ajuda no atendimento e é super simpática. E se a casa estiver tranquila, vale pedir pro Filipe, garçon, gerente e pai novo, puxar um violão e tocar Zé Ramalho. O grui é mt bom.. .E para aqueles que estão acostumados a serem "escalpelados" com os preços de Gramado, não caiam da cadeira: a conta não passa de R$ 60,00... Preço justo e honesto.. Tem outros opções, mas a massa é o ponto alto da casa. Já comi muitos tipos e formas de massa, em vários lugares no mundo, mas nenhuma supera o ponto e o sabor desta casa.. Se você está buscando a "massa perfeita" não vá à Veneza.. Vá a São Chico. Vale a dica.. Não tem erro.. E pra completar o programa vale um passeio matinal no lago São Bernardo e um pós-almoço na Livraria Mirage.. São Chico sempre surpreende..



sábado, 15 de setembro de 2012

- VIAGEM



- UM CONTO CHINÊS





Shih Huang Ti é relacionado no livro de Michael Hart entre as 20 personalidades mais importantes da história. Considerado um guerreiro implacável, no ano de 221 a.C. ele derrotou todos os estados feudais e unificou a China, declarando-se o “primeiro imperador”. Instituiu inúmeras reformas radicais na forma de governar e iniciou a construção da “Grande Muralha”. Este personagem controverso tem associado a sua figura várias histórias bizarras relacionadas ao seu medo de morrer. Considerando que durante sua vida havia arregimentado centenas de inimigos em batalhas, o imperador era assombrado pela imagem do que estes inimigos poderiam fazer com ele após a sua morte, já que estes, segundo o seu pensamento, o estariam esperando no mundo celestial, para uma implacável vingança. Movido por este estado delirante determinou então ao seu primeiro (e mt importante) ministro Li Ssu que, após a sua morte, 8.000 dos seus melhores soldados fossem mortos para que pudessem acompanhá-lo e protegê-lo no mundo dos mortos. Para a felicidade de seus soldados, no entanto, Li Ssu convenceu o imperador que, em vez de matar parte de seu exército, fossem construídas estátuas reproduzindo estes guerreiros, e estas seriam colocadas em sua tumba, como forma de proteção contra os inimigos mortos. Esta sábia alternativa, não somente poupou a vida de mais de 8.000 homens, como propiciou a construção de uma das mais impressionantes obras de arte da história: os “Guerreiros de Terracota de Xian”. Descoberto de forma ocasional, em 1974, este conjunto de estátuas,  representando guerreiros, oficiais, cavalos, carruagens e armas espanta pela qualidade artística das obras e pela quantidade impressionante de figuras. Os guerreiros são em tamanho e estilo natural, variando em peso, indumentária e penteado, de acordo com a patente. Não existem duas estátuas iguais. Cada uma delas representa a figura de um soldado, que, como modelo, deve ter se sentido muito mais gratificado em ter sido representado em terracota do que compulsoriamente tendo de acompanhar seu imperador em uma jornada precoce pelo mundo dos mortos.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

- VIOLÊNCIA



- A PIOR VIOLÊNCIA..




Uma das perguntas mais frequentes que se houve quando se é Perito Médico-Legista é sobre como nos sentimos, do ponto de vista emocional, durante o nosso trabalho e como isso afeta nossa vida pessoal. Objetivamente falando acho que o meu trabalho me fez ser uma pessoa "melhor", menos preocupada com as vaidades humanas e muito mais solidário com os verdadeiros sofrimentos pessoais. Aliás, uma das minhas muitas teses é que as pessoas deveriam passar pelo menos uma semana trabalhando no necrotério. Isto certamente as tornariam pessoas melhores. E para aqueles que imaginam ser o necrotério o lugar mais difícil de se trabalhar, a experiência mostra que isso não é verdade. O atendimento de crianças vítimas de violência física ou abuso sexual é sem dúvida a parte mais difícil do trabalho. Isto sim carrega uma carga de sofrimento e desesperança muito pesada e nos proporciona um sentimento de descrédito em relação ao futuro da nossa sociedade. A violência contra crianças e adolescentes constitui hoje a primeira causa de morte na faixa etária de 5 a 19 anos e a segunda causa de morte entre as crianças de 1 a 4 anos. Portanto este é um evento que não podemos abstrair e muito menos desacreditar na sua existência. Os riscos para sua ocorrência precisam ser detectados e adequadamente decodificados para que o indivíduo tome as decisões compatíveis com a situação e notifique sua existência. Não estamos autorizados a esperar pelo agressor. Não será ele a fonte da denúncia.




quinta-feira, 5 de abril de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



- FILOSOFANDO






O Twitter, além de uma ferramenta interessante para acesso em tempo real a informações atualizadas, mostrou-se uma boa maneira de avaliar o que estava acontecendo conosco em um determinado ciclo da nossa história. As mensagens que postamos (tirando aquelas inutilidades absolutas que alguns insistem em escrever) permitem fazer diagnósticos interessantes sobre o nosso envolvimento pessoal, afetivo e social num intervalo de tempo. E possibilitam ainda acompanhar as transformações que estes envolvimentos apresentam, numa analise linear da nossa história. Os temas e os interesses vão mudando de forma sutil, mas consistente. É possível avaliar até a repercussão que as nossas postagens despertam entre os que nos acompanham. Para testar minha tese (sou um cara de teses) avaliei as minhas postagens pseudo-filosóficas amadoras que mais foram "retweetadas" .. interessante.. conferindo:

- Fazer uso de “desculpas” para não viver a intimidade é forte sinal de que a prazerosa e desafiadora arte da convivencia está naufragando.

- Nós somos como uma fotografia: reproduzimos o visível e tornamos visível o consciente de uma segunda realidade.. mas este nem todos enxergam.

- Quando quase todos os idiotas do mundo estão contra você é que eu entendo Baudelaire: "Existe uma certa glória em não ser compreendido".

- Algumas cadeiras na faculdade são experiências piores que ferias em Magistério, no inverno, com chuva.

- Claro que a chuva de hj perturbou a vida de mt gente.. só não esqueça que para cada um minuto de raiva perdemos 60 segundos de felicidade.

- Quer uma expressao que caracteriza férias perfeitas: "em que dia da semana estamos?"..

- Interessante como pessoas maduras tem "crises adolescentes" e não percebem.. realmente nós não somos bons juizes das nossas atitudes.

- Num dia quente como hj por alguns segundos fiquei com inveja da colega de saia e rasteirinha.. mas depois pensei na menstruação e resolvi aceitar minha gravata.


sábado, 31 de março de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



- DICA DE LIVRO




Para o pessoal que deseja ser Delegado de Polícia esta é uma ferramenta de auxílio para os concursos.. E uma sorte especial para os meus ex-alunos que estão nesta..

domingo, 25 de março de 2012

- VIAGEM



- COMEÇANDO VIAGENS EXÓTICAS





Para os que pretendem iniciar viagens por lugares exóticos ou querem sair dos roteiros clássicos (Madri, Londres, Paris e Roma), sem assumir riscos desnecessários, uma sugestão interessante é visitar o Marrocos. Em uma visão pragmática este país atende alguns requisitos basilares para um turismo “no stress”: segurança, roteiros bem elaborados, bons hotéis, preços aceitáveis e clima favorável. Além de um mergulho na cultura islâmica, o Marrocos oferece opções fortes em turismo religioso, histórico, de “comprinhas” e gastronômico. No roteiro das “cidades imperiais” você transita por mesquitas, palácios e medinas, com uma variedade imensa de estímulos sensoriais. É um turbilhão de cores, cheiros e sabores. A mesquita de Hassan II em Casablanca, a medina de Fez e a praça Djeema el Fna em Marrakech são os pontos de destaque do circuito. Duas dicas: fique nos hotéis 4 estrelas, que são excelentes (a relação custo/benefício em relação aos de 3 estrelas vale o investimento) e deixe para fazer as “comprinhas” no suk (mercado tradicional) de Marrakesh, no final da viagem.






domingo, 18 de março de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS

O "PRINCIPIO DA INCERTEZA"





Esta foto foi feita durante uma visita a uma mesquita no interior da Turquia e retrata, de forma simbólica, o relacionamento afetivo de um casal de idosos. Enquanto buscava um melhor enquadramento, fiquei observando por algum tempo a forma carinhosa dos gestos e o cuidado de cada um para com as ações do parceiro. Estas relações afetivas duradouras sempre me despertam um questionamento: "o que deu errado nesta relacionamento para ele durar tanto tempo?". Pode parecer deprimente, mas tenho a impressão que relacionamentos duradouros tornaram-se, nos dias de hoje, uma anormalidade estatística. Werner Heisenberg, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1932 e um dos criadores da mecânica quântica, é autor do famoso “princípio da incerteza”.  O “princípio da incerteza” estabelece que, mesmo em condições ideais, o comportamento futuro de qualquer sistema não pode ser completamente previsível.  Se este princípio é considerado um dos mais profundos e de maior alcance em toda a ciência, sua aplicabilidade aos relacionamentos interpessoais considero como sendo bastante adequada.  Principalmente quando percebemos que o ponto inicial da maioria dos relacionamentos está muito centrado no núcleo do desejo. O relacionamento que decorre de um "desejo" é completamente imprevisível e tem grande chance de acabar com o advento da convivência e o decorrer do tempo. Afinal, a posse permite a descoberta dos defeitos e isso destrói o prazer. Os relacionamentos esgotam-se com a materialização dos defeitos e a consequente falta de condições de assumir um significado para eles. Esta falta de significados (ou conteúdo) cria um vazio que irá, inexoravelmente, ser preenchido por um outro objeto emocionalmente competente. E não há previsão de quando isso irá acontecer ou possibilidade de defesa para evitá-lo. Sinônimo de fracasso é a tentativa de racionalizar este emocional, que sempre precede o sentimento. Quando um novo objeto emocional ocupa seu espaço, mesmo que não se torne uma necessidade, estará gerando o desiquilíbrio no relacionamento e criando um campo propício para um potencial e devastador conflito. E uma vez estando o conflito instalado, resta agora a sua administração: negar, acomodar ou negociar. Qualquer das alternativas levará ao mesmo resultado, ou seja, a perempção do relacionamento.. simplesmente a sua morte. Tenho a convicção de que a manutenção dos significados é a esperança de sobrevivência de um relacionamento. E não existe significado sustentável se o núcleo da relação for o desejo e a busca do prazer. É o “princípio da incerteza” fazendo-se presente nas relações afetivas. Saber isso ajuda a melhorar os relacionamentos?? Acho que não. Mas ajuda a explicar, por exemplo, como a acomodação ajuda a manter os relacionamentos, já que a tentativa de um novo traz sempre consigo uma nova incerteza, com todos as suas potenciais frustrações. Como todo princípio universal não existe forma de evitá-lo. Resta conviver com ele e torcer pelo resultado. E o casal da foto parece ter encontrado o melhor resultado.   


quinta-feira, 8 de março de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



ESTIMULANDO PERCEPÇÕES



                                                     templo de Tah Prohm - Camboja


No meu tempo livre, gosto de analisar fotografias, buscando identificar novas percepções e construir pensamentos abstratos em cima de imagens, cujos significados podem nos permitir descobrir novas chaves para outras representações.  Para registrar este ensaio editei, no facebook, um álbum – “Para pensar...” – em que publico algumas fotografias tiradas em diferentes ambientes. Estas fotos buscam estimular formas de interpretação que vão além daquilo que está sendo retratado. O objetivo é conduzir o expectador, diante da foto, a construir uma narrativa de significados sobre o que aquela imagem poderia representar. Claro que esta construção originalmente foi feita pelo imaginário do autor, mas é permitido também que cada um construa o seu processo interpretativo, dentro da sua visão subjetiva do modelo retratado. Um exemplo é a foto “Raízes”, que retrata a retomada de um espaço pela natureza, em uma construção, um Templo Khmer, construído e abandonado pelo homem no século XIV. No meu imaginário a foto representa uma metáfora sobre o difícil equilíbrio nas relações, considerando os conceitos de dominação e respeito pelos limites. Em Tah Prohn  a natureza retomou seu espaço e invadiu as construções do templo, de onde fora expulsa pelo homem. Mas estranhamente o crescimento das árvores e suas raízes respeitou as construções e passou a envolve-las, cobri-las, sem no entanto destruí-las, como seria de se esperar.  Mesmo na sua “vingança” pelo resgate do que lhe foi subtraído, a natureza conseguiu criar uma forma de equilíbrio em que a “posse” não foi obtida à custa da “destruição”. Outro ponto interessante nesta narrativa é que a “redescoberta” desse templo, no século XX, determinou um processo de restauração das suas ruinas. Mas neste processo de restauração o homem optou por preservar a natureza, mantendo as arvores e as raízes nos sítios que elas haviam ocupado dentro do espaço do templo. Temos aqui simbolicamente um exemplo de equilíbrio entre dois agentes hegemônicos, em que, ao invés de um dominar ou destruir o outro, cria-se um ambiente de compartilhamento de espaço e respeito de limites. Aquela porta escura da foto nos estimula a por ela entrar e pensar se é possível praticar este modelo em outras áreas, inclusive nas relações interpessoais. Todos sabemos que é muito difícil a convivência, a divisão de espaços, o respeito aos limites do outro, o exercício de poder sem que um agente tente dominar o outro ou destruir a sua individualidade. Mas isso é possível. Tah Prohn nos mostra isso. E a foto, espero, o leve a também pensar sobre isso.
Abaixo mais duas imagens desta impressionante convivência.








quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

- VIAGEM

 POR QUE FOTOGRAFAR VIAGENS?



Hoje me perguntaram por que eu fico postando fotos de viagens no facebook ao que respondi que na realidade não coloco "fotos" em rede social. Se fosse esta a intenção faria um álbum de viagens (que normalmente são mt chatos de se ver). O problema é explicar algo quando percebemos que a critica encoberta não busca qualquer contribuição. Mas isto estimula pelo menos um comentário coletivo para os que gostam de "curtir" fotografias. As minhas fotos na realidade são uma narrativa pessoal de um pequeno tempo, que de alguma forma trouxe consigo um momento emocionalmente importante. Não são fotos de viagens. São muito mais do que elas mostram e talvez por isso só tenham significado pra mim..  ou para quem busca estes momentos.. A foto acima retrata uma casa na pequena cidade de Hoi An, no interior do Vietnam. É uma lojinha, na realidade, que vende lanternas coloridas, feitas manualmente pelos habitantes locais. A composição visual é mt bonita, mas se fosse somente isto essa foto não estaria aqui. Ficaria como outras centenas arquivada na memória de um computador, ao qual somente eu tenho acesso (mt deprimente isso). Mas qual o detalhe da foto então que a torna tão particular? ... observando... as "pernas". Na beira da porta tem um par de pernas, que pertencem a menina que faz as lanternas. Não se preocupe se você não percebeu. Isso só faz sentido pra mim. Naquele momento eu estava decidido a comprar uma lanterna e fiquei encantado pelas cores, pelo clima do lugar, pela chuva que estava caindo e pela afetividade da menina que estava fazendo e me vendendo a lanterna. No seu visual simples e descuidado ela era mt bonita. E como nunca largo a máquina fotográfica decidi fazer uma foto da cena. Pedi para ela ficar ao lado das lanternas mas percebi que havia um problema pra realizar esta foto, que ia além da nossa dificuldade de comunicação num inglês "the book is on the table". Após um certo impasse de enquadramento ela falou, numa humildade cativante, que não gostariam de aparecer na foto pois se achava "muito feia"... Muito feia.... Bom, depois dessa frase posso garantir que os próximos dez minutos foram uma tentativa frustrante de tentar dizer em português/inlgês/vietnamita que ela era a pessoa mais parecida com a Gisele Bundchen que eu já havia visto. Acho que não funcionou tão bem quanto eu gostaria mas o sorriso na despedida me pareceu de uma pessoa mais feliz. E o que ficou disto tudo? Uma lanterna vermelha pendurada na minha sacada, uma foto no facebook e um momento daqueles que eu quero ficar lembrando. Portanto, fotografar é isso.. tornar um instante, uma história. Ás vezes não se consegue enxergar o que não pode ser visto. Mas fotografia pode ser mt mais do que aquilo que estamos vendo. É como uma obras de arte pós-moderna. Se você não entendeu, não critique. Aliás, como disse Abraham Lincoln: "Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar." 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

- VICISSITUDES PESSOAIS



POR QUE CONSTRUIR UM “TOP TEN” - MELHORES MOMENTOS






Num destes “papos de bar” falando de coisas inesquecíveis que fazemos na vida fui desafiado a listar dez coisas que fizeram diferença e marcaram as minhas lembranças. Depois de algumas mudanças e atualizações, além de algumas sugestões pouco convencionais a lista ficou pronta. Não pensei em publicá-la pois poderia parecer “exibicionismo” mostrar este tipo de tema. Mas depois de um tempo a ideia original foi mudando. Trocamos a expressão "mostrar o que eu fiz" pela frase "registrar o que fizemos de importante com o nosso tempo". Assim, eu e qualquer pessoa podemos criar um referencial para, de alguma forma, avaliar o que fazemos com aquilo que de mais importante temos: o tempo. Quando me perguntam qual a coisa mais importante que possuo respondo de forma muito categórica que é o “tempo”. O tempo é uma invenção do homem para justificar a senilidade e a demência progressiva que irá inexoravelmente nos atingir. Ele representa uma “moeda no cartão de crédito” que nós gastamos diariamente, sem saber qual o saldo restante ou o prazo de validade. Gastando ou não este saldo, o prazo irá expirar, sem que eu saiba quando isso vai ocorrer. Então o que nos resta é usar bem esta "moeda". E para avaliar isso criei esta figura de controle que chamei “top ten – melhores momentos”. É simples. Vamos tentar relacionar dez coisas que você tenha feito e que realmente foram absurdamente legais. Se eu não consigo lembrar de pelo menos dez momentos diferenciados, talvez eu não esteja usando bem o saldo do meu “cartão de crédito”. Se eu consigo lembrar de dez ou mais momentos inesquecíveis é provável, por este critério, que eu o esteja usando bem. E se eu tenho estes dez momentos, nada impede que eu tente modificá-los, buscando substituir alguns por outros melhores. A ideia é simples, e nada tem de exibicionista. Eu posso ter momentos bons em casa, viajando, com alguém ou simplesmente apreciando algo que me dá prazer. O importante é TER estes momentos, poder visualizar a sua lembrança e tentar criar novos. Aliás isto é o que estou fazendo agora. Mudando a minha lista. E confesso que esta sensação é muito boa. Lembrei de algo que havia feito e que absurdamente não coloquei na primeira lista. E consegui acrescentar um momento novo, desbancando um que perdeu espaço, mas não importância. Apenas foi substituído por outro melhor. Interessante como as nossas lembranças são estimuladas quando as visualizamos num suporte material. Conseguimos buscar detalhes, fazer correlações, lembrar pessoas. Enfim o objetivo do experimento é esse, reforçar boas lembranças e buscar atualizá-las. Vale como sugestão.




Dez momentos que fizeram a vida valer a pena..  Versão 3

1. Passear de balão na Capadócia - Turquia;
2. Escalar o Waina Picchu - Peru;
3. Ver o Internacional ser Campeão da Libertadores no Beira-Rio - Porto Alegre;
4. Atravessar o desfiladeiro que leva à Petra, a cidade perdida dos Nabateus - Jordânia;
5. Ver o pôr-do-sol em Hanga Roa - Ilha da Páscoa;
6. Fazer um safari de Jeep na Ilha de Gozo – Malta;
7. Curtir um final de tarde em Tatooine, a terra de Luck Skywalker – Tunísia;
8. Passear de barco pela Baia de Ha Long - Vietnam;
9. Entrar na grande pirâmide de Quéops – Egito;
10. Andar de barco inflável nas Cataratas do Iguaçu - Foz do Iguaçu.




domingo, 4 de dezembro de 2011

- VICISSITUDES PESSOAIS



- Algumas mensagens dispensam uma linguagem descritiva.. Elas funcionam como um objeto emocionalmente competente: refletem, transmitem, traduzem emoções.. não há como passar por elas sem sentir uma alteração corporal, hormonal ou bioquímica.. e o interessante é que elas se caracterizam pela simplicidade.. deixar de reconhecê-las é privar-nos de aproveitar momentos de prazer.. e perder tempo é um castigo insuportável. Citando Darwin, "O homem que tem coragem de desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida".. Portanto vamos fazer por merecer o tempo que nos foi dado..

sábado, 3 de dezembro de 2011

- VIAGEM



VALE CONHECER O EGITO?

Vale muito. Nada se compara à grandiosidade, ao enigma e aos mistérios das pirâmides. Entrar na grande pirâmide de Quéops é algo impressionante e inesquecível. Mas fica a dica: o Egito não é um lugar de turismo fácil. Gente pedindo em todos os lados, um trânsito maluco e praticamente é impossível se deslocar sozinho. No Cairo é pouco recomendável sair à noite. E você se arrisca a ficar muitas horas preso no hotel se os pacotes de vistas aos lugares importantes não forem bem elaborados. Acerte tudo antes, reduza o tempo livre e cuidado com os pacotes extras. Pra quem gosta de "comprinhas" não vão faltar opções e o passeio a Abu Simbel (primeira foto) é imperdível.  








quinta-feira, 24 de novembro de 2011

- VIOLÊNCIA

Faltam Vagas... Sobra Descaso

Ontem mais uma vez um jornal de Porto Alegre colocou a questão da superlotação da emergência do Hospital de Clínicas. Hoje há uma referência à falta de vagas e à superpopulação dos presídios. Parece que na falta de notícias ou quando sobra espaço no jormal e não há qualquer novidade melhor para colocar os repórteres passam nas emergências dos hospitais ou nos presídios. Lá sempre tem notícia, afinal a emergência do HCPA, por exemplo, esteve sempre superlotada, pelo menos nos últimos dez anos, sem intervalo. Mas é interessante (ou talvez não seja relevante) que há uma outra superlotação quase constante na cidade e ninguem parece se importar: a do DML. A câmara fria do necrotério do DML, que tem 36 "vagas" utilizáveis, tinha na última semana 150 cadáveres no seu interior. Será que algum gestor público consegue imaginar esta cena?? Como será que conseguimos adaptar o local para receber este overbook de clientes?? Será  que isto não vira notícia por que os "usuários" não reclamam?? Isto é normal ou eu estou revoltado por causa da minha TPM masculina?? Ahhh, bobagem isso.. O importante para o setor público atualmente é que os estádios de futebol para a Copa tenham bastante espaço e concorto para os torcedores. Aliás é bom mesmo que os torcedores possam ter um bom local para assisitr futebol. Só cuidado para este torcedor de futebol não se tornar doente, presidiário ou cadáver.. Nestes cenários muito provavelmente o espaço de convivência vai diminuir bastante.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

- VICISSITUDES PESSOAIS




Essa é mt pessoal apesar da repercussão coletiva... pra quem gosta de medicina legal é uma dica.. feito com todo cuidado e procurando não ser apenas mais um livro...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

- ALGO SOBRE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

A Educação Patrimonial e As Bolachinhas Tostines: Discutindo o Vazio

            Na busca de um entendimento sobre “Educação Patrimonial” fui colocado diante de alguns textos, cuja leitura me fizeram lembrar uma palestra ministrada pelo Prof. Lênio Streck, um dos mais brilhantes juristas do Brasil, em que ele apresentou uma teoria denomina “Princípio das Bolachinhas Tostines”. Relembrando aos mais novos a bolachinha Tostines tinha um slogan que afirmava serem estas sempre “fresquinhas”. Num certo comercial sobre estas bolachas, um indivíduo de comportamento estranho é colocado diante de uma prateleira vazia de um supermercado, questionando se “as bolachinhas Tostines são sempre fresquinhas porque não ficam muito tempo na prateleira ou elas não ficam muito tempo na prateleira porque são sempre fresquinhas?”. Vejam que estamos diante de uma discussão “muito” importante e que provavelmente nos levará a lugar algum.
            Pois ao ler dois textos de Maria de Lourdes Horta Barreto[1] me senti uma vítima do “Princípio das Bolachinhas Tostines”. Ou seja discutindo algo que não leva a lugar algum. Num primeiro texto, denominado “Educação Patrimonial” a autora se propõe a discutir a questão pedagógica do ensino centrado no objeto, reportando a importância histórica do uso da cultura material como fonte de estudo. Após apresentar três categorias de ensino baseada na cultura material, citando Schlereth (mas sem referência), e criando uma quarta, a autora conclui pelo “balanceamento equilibrado” de todas elas como meta final de um aprendizado. Ora, se me apresentassem quatro teorias sobre física quântica e me perguntassem como poderíamos desenvolver um processo pedagógico de ensino eu certamente responderia que o ideal seria a aplicação de um “balanceamento equilibrado” entre elas. Pensando bem se as teorias fossem sobre as formas de reprodução do dragão da Birmânia eu também responderia que o ideal talvez fosse um “equilíbrio balanceado” entre elas, adicionando um pouco de originalidade. Num segundo trabalho, intitulado Educação Patrimonial II, a autora mantém o tema da educação centrada no objeto, tratando da percepção sensorial das coisas (ps:  todas as percepções são sensoriais), o desenvolvimento do processo de identidade (os: na realidade é identificação) e a influência das motivações e das emoções neste processo. Este referencial teórico evoluía próximo ao tédio até o momento em que a autora abre uma súbita discussão sobre o desenvolvimento do pensamento baseado na teoria de Piaget e conclui que não é possível o aprendizado de vários significados ao mesmo tempo. Neste ponto o Princípio da “Bolachinha Tostines” encontrou sua aplicabilidade plena. Afinal, o que estamos discutindo aqui?
            Mudando de autor, Menezes[2] é apresentado como um texto de referência sobre educação em museus, o que para os que pretendem trabalhar na área deve ser considerado. Neste caso a intenção do autor (ou a falta de algo melhor) se manifesta no resumo do texto, quando este afirma que o objetivo do texto “..é abrir espaço para uma reflexão sobre questões importantes...”. Talvez eu sofra da “síndrome do pragmatismo”, temperada com uma boa dose de preconceito, mas quando um autor afirma num texto acadêmico que o seu objetivo é “abrir espaço para reflexão” eu no mínimo estou autorizado a trocá-lo por um que tente trazer pelo menos respostas às minhas reflexões. Espaços de reflexão eu já tenho bastante. Um pouco de resposta às vezes é bom e necessário. E o texto efetivamente é um pacotão de “bolachinhas Tostines”. Ele apresenta, de forma tendenciosa inclusive, que os museus não se lembram “jamais” de incluir entre suas responsabilidades o entendimento sobre os processos de construção da identidade e da memória. Ou que os mesmos apresentam a “informação” como um objetivo dominante, em detrimento da formação crítica. Apresenta a indústria cultural e o mercado consumista como fatores deletérios aos museus e questiona até a falta de especificidade destas instituições. Certamente estes tópicos se prestam para discussão, mas a sua citação simplória e não reflexiva não pode ser considerada de validade. Efetivamente o autor conseguiu abrir espaço no espaço aberto e mesmo que isso possa parecer genial para alguns, isso não o torna imune, no entanto, a uma avaliação mais crítica. O artigo de Menezes está longe de representar um texto que possa ser valorizado tanto na sua forma como em seu conteúdo. Utilizando uma linguagem com pretensões acadêmicas, procura  valorizar o conteúdo pela crítica, abandonando os princípios da clareza e da objetividade, que são os referenciais para artigos em periódicos ou capítulos de obras coordenadas por organizadores.
            Estes artigos, no seu conjunto ou individualmente, são um bom exemplo da crise que está atravessando a produção científica na Academia. Artigos de conteúdo inerme e metodologicamente inadequados ganham espaço ao se travestirem de uma linguagem parnasiana, que imputa a si um prestígio superior e inibe a manifestação daqueles que simplesmente buscam resultados objetivos através da comunicação baseada no entendimento. É a hegemonia da linguagem retórica em detrimento da discussão clara e sem conflito de interesses sobre os resultados. Considerando o objeto temático dos artigos e sua escolha como proposta pedagógica, certamente devem existir autores que consigam apresentar este contexto de forma mais clara, levantando os problemas pertinentes e inerentes à especialidade sem uma mistificação retórica estéril.
            Textos como estes me fazem lembrar uma das tramas principais do filme Sociedade dos Poetas Mortos, dirigido por Peter Weir. Numa cena marcante o professor John Keating  introduz um novo ideal pedagógico, mandando seus alunos arrancarem as folhas do Livro Introdução à Poesia, de Pritchard,  alegando tratar-se de um texto superado. Mais do que isso, Keating refere-se ao conteúdo destas folhas como sendo “excrementos”, nos indicando uma outra concepção de julgamento sobre os estudos que nos são apresentados como referencial acadêmico. Trata-se de uma metáfora em que a personagem busca valorizar o poder de análise dos não eruditos, assentando seu poder de crítica em princípios modernos de racionalidade. Obviamente não me cabe questionar o histórico acadêmico de profissionais como Horta e Menezes, mas assim como Mozart e Puccini produziram obras sofríveis, estes artigos referenciados talvez sejam um bom exemplo de “excrementos” produzido pela Academia e que infelizmente acabam sendo indicados como leitura de referência no meio acadêmico, principalmente no contexto da graduação.
            Trata-se portanto de uma leitura absolutamente dispensável para os que pretendem iniciar seus estudos em Educação Patrimonial. A dificuldade de leitura, a falta de consistência do texto e os equívocos metodológicos nos convidam a rasgar folhas ou a ir desenvolver uma atividade peripatética num parque.



[1] HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Licões das coisas o enigma e o desafio da educacão patrimonial. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, p. 220 a 233, n. 31, 2005.

[2] MENESES, Ulpiano Bezerra de. Educação e museus seducão, riscos e ilusões. Ciências e Letras, p. 91 a 101, n. 27, 2000

terça-feira, 1 de novembro de 2011

- VIAGEM




- SEMPRE TEM ALGO QUE AINDA NÃO VIMOS EM PARIS..

Tudo bem que Paris é ponto obrigatório de qualquer roteiro turístico.. Mas é uma cidade obrigatória., não só pelos lugares "figurinha carimbada" dos pacotes de viagens, mas pela infinidade de outros locais e atrativos que ficam fora dos principais roteiros. Por exemplo, depois de conhecer os pontos clássicos recomendo visitar as "catacumbas", uma rede impressionante de túneis subterrâneos com milhares de ossadas ali colocadas no inicio do século. É bizarro, sinistro e imperdível.. Outra dica é visitar a Saint-Chapelle, uma capela gótica situada na Ilha de la Cité, próximo a Notre Dame. Aliás, se a Catedral de Notre Dame é uma decepção durante o dia, a pequena capela construida no século XIII, com seus vitrais deslumbrantes, é encantadora. E para conhecer o subúrbio de Paris, onde nem tudo é faschion, aproveitando para mergulhar na história, vale muito conhecer a Catedral de Saint Denis, mausoléu dos reis franceses e onde surgiu o estilo gótico arquitetônico.